Plantas são organismos complexos e com diversas peculiaridades. E com a maconha não poderia ser diferente! Essa não é só uma planta, ela é A PLANTA. Mas por que a maconha é tão especial? Vamos te ensinar hoje o porquê de sentirmos seus efeitos e as substâncias responsáveis por isso: os canabinóides.
Hoje iremos não apenas abordar esse tema relevante e cheio de curiosidades, mas também trouxemos uma convidada especialista no assunto para participar da discussão com a gente. Então separa o caderninho aí, porque hoje você vai levar uma aula!
Com certeza você conhece o CBD e o THC, mesmo sem saber qual a definição exata do que eles são. Eles são alguns dos canabinóides, compostos presentes na Cannabis sativa, nome científico dado a maconha. extraídas para fins medicinais e recreativos.
O termo canabinóides foi atribuído ao grupo de compostos com 21 átomos de carbono presentes na Cannabis sativa. Esses compostos podem ser extraídos por meio de diferentes técnicas e possuem efeitos terapêuticos e psicoativos.
Canabinóides podem ser sintetizados tanto por vegetais quanto mamíferos, como o ser humano. Nas plantas, eles são classificados como fitocanabinóides. Já em animais, eles se chamam endocanabinóides, e tem são responsáveis por equilibrar as funções do corpo através do sistema endocanabinóide.
Nossa colaboradora convidada para o tema de hj, a pesquisadora e dra. em Química Analística Camila de Paula, conta que nas últimas décadas, muitas descobertas importantes sobre a Cannabis foram realizadas, mas muitos mitos e incertezas ainda persistem.
Uma lenda bem difundida sobre a Cannabis é que somente a planta fêmea fornece a resina ativa (extrato contendo canabinóides), mas as plantas (macho e fêmea) produzem, aproximadamente, as mesmas quantidades de canabinóides e possuem o mesmo grau de atividade.
A convicção de que somente plantas fêmeas contêm a resina ativa foi atribuída, provavelmente, devido à prática agrícola de eliminar plantas-macho das plantações de Cannabis, a fim de prevenir a fertilização.
A maconha é um exemplo de planta que carrega diversos canabinóides. Os mais famosos, já mencionados acima, são o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC).
Eles apresentam estrutura molecular semelhante, mas possuem propriedades químicas e feitos farmacológicos diferentes. O THC possui ação psicoativa, sendo considerada uma substância alucinógena, já o CBD não.
A concentração desses compostos na Cannabis é uma função de fatores genéticos e ambientais, mas outros fatores podem causar variações nos canabinóides presentes na planta, tais como, o tempo de cultivo (maturação da planta) e tratamento da amostra (secagem, estocagem, extração e condições de análise).
A dra. Camila comenta que a maconha contém mais de 400 substâncias químicas, das quais 60 são classificadas como canabinóides. Ou seja, muitas outras substâncias da planta ainda podem ser isoladas e estudas para fins medicinais e industriais. Entretanto, a falta de legislação apropriada e o estigma social em torno do tema atrapalham e impedem o surgimento de novas pesquisas na área.
Nosso corpo possui receptores de endocanabinóides em diferentes órgãos e tecidos. Em cada parte do organismo, eles desempenham funções diferentes, mas sempre com o mesmo propósito: estabilizar nosso ambiente interno, um processo chamado de homeostase.
Também conseguimos localizar o sistema endocanabinóide nas interseções de vários sistemas, permitindo a comunicação e coordenação entre as células. Quando estimulados, nossos receptores canabinóides promovem a ação de diversos mecanismos fisiológicos.
Processos como apetite, dor, inflamação, ansiedade, regulação da temperatura, pressão intraocular, sentidos, movimento muscular, metabolismo, sono, estresse, humor e memória são regulados por esses receptores, conhecidos como CB1 e CB2. E é aí que a maconha entra!
Ao liberarmos no organismo substâncias como o CBD e THC, seja através do fumo, vaporização, óleos ou alimentos, elas interagem com nosso corpo e afetam todas as funções acima, em diferente intensidade de acordo com fatores como quantidade, organismo, etc.
Esses efeitos são responsáveis não só pela brisa, mas pela possibilidade de tratamentos a inúmeras doenças através da medicina canábica. Graças a isso, várias pessoas conseguem ter qualidade de vida e fortalecer sua saúde.
A doutora Camila enfatiza que apesar das recentes descobertas positivas relacionadas ao uso terapêutico de compostos a base de maconha, o uso crônico da planta pode desencadear sintomas psiquiátricos, como quadros temporários de natureza ansiosa, reações de pânico ou sintomas de natureza psicótica. Além disso, o uso crônico aumenta o risco de desencadear bronquite crônica ou câncer de pulmão.
Maconha também é ciência! Nunca deixe de pesquisar e entender, afinal, você sempre pode acabar descobrindo uma boa surpresa ou nova função sobre a planta.
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