No dia 06 de julho de 2022, fomos surpreendidos por mais uma decisão retrógrada e absurda aqui no Brasil: a ANVISA optou por manter a proibição do comércio, propaganda e importação dos cigarros eletrônicos no país. O cigarro eletrônico é um dispositivo alternativo ao tabaco comum, e é muito popular não só aqui, mas em todo o mundo. Hoje, vamos te explicar como e porque é tão errada a proibição dos vapes.
No Brasil, desde 2009 a ANVISA proíbe a comercialização e importação de Dispositivos Eletrônicos para Fumo, os DEFs - nosso conhecidíssimo vape. No dia 06 do mês de julho, durante a 10ª reunião de diretoria colegiada do órgão, ocorreu votação unânime em manter a proibição. A partir dessa decisão, será ampliada a fiscalização sobre o produto.
Somos um dos 32 países que proíbem o artefato, enquanto 79 nações como os Estados Unidos, Canadá e Reino Unido liberam sem ou com poucas restrições o seu uso e comércio.
No dia 06 de abril, a ANVISA abriu um prazo para que sejam recebidas informações técnicas dentro do processo de TPS, Tomada Pública de Subsídios. Inicialmente com prazo de 30 dias, ela foi prorrogada até o dia 10 de junho.
O vape não possui monóxido de carbono e alcatrão, além de apresentar menor temperatura de vaporização em relação aos cigarros convencionais, por isso, pode ser considerado muito menos danoso que eles. Apesar disso, graças ao famoso jeitinho brasileiro, os estudos contrários ao uso de vape prevaleceram como maior referência e nortearam essa decisão.
A ciência nunca mente. Sabe por quê? Porque ela se baseia em fatos, provas e muito estudo.
Temos que ser fiéis aos fatos. Sabemos que o cigarro eletrônico traz sim alguns danos à saúde. Mas será que eles são mesmo tão preocupantes quanto nos é pregado? Listamos alguns dos argumentos a favor da proibição dos vapes no Brasil, e fatos para te incentivar a tirar suas próprias conclusões.
O primeiro argumento é que os cigarros eletrônicos incentivam os jovens e adolescentes a fumar. Bem, a Smoke Point nunca viu e nem fez nenhuma apologia ao uso para esse público, afinal, é óbvio que menores de idade não devem fumar.
A questão é a seguinte: o vape, que já é proibido desde 2009, continua chegando na mão desse público. Será que se, ao invés de usar tantos recursos para proibir, o Estado investisse na fiscalização e distribuição correta do produto, teríamos esse problema? Esse dinheiro poderia ser muito melhor investido caso aplicado a políticas de redução de danos.
Um exemplo prático disso foi a queda do consumo de cigarro a partir do fim da publicidade comercial, restrição de locais de consumo e veiculação de propagandas informativas sobre os mesmos na mídia convencional. Hoje, o uso de cigarro é um hábito menos comum e quase nunca feito por mera influência: quem fuma escolheu fumar, com plena consciência e discernimento sobre isso.
Em seguida, outra coisa muito falada é o dano que o vape promove a saúde, com fakenews do tipo “fumar vape é igual a fumar 100 cigarros de uma vez”. Bem, se enganou quem acredita nisso.
Diferente do cigarro, o vape não possui alcatrão e monóxido de carbono, além de ainda fornecer ao usuário a possibilidade de fumar ou não um produto com nicotina - principal causadora dos problemas associados ao tabaco tradicional nos dias de hoje.
Ao fumar vape, não ingerimos fumaça, e sim o vapor da essência adicionada ao dispositivo.
A Smoke Point gostaria de promover um momento de reflexão, afinal, viajar é coisa de maconheiro! Para isso, iremos compartilhar com você o seguinte poema de um grande pensador chamado Bertold Bretch:
“Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.”
Pesado, não é? Você pode pensar que a comparação seja forte demais, mas na realidade não é. Porque é isso que está acontecendo no Brasil: aos poucos, nossas liberdades individuais e direitos coletivos estão sendo suprimidos e cerceados.
Você pode ou não fumar vape, mas a questão é que esse é apenas um exemplo do grande iceberg de decisões políticas que vem destruindo cada vez mais nossa liberdade. Coisas às quais nos acostumamos e já fazem parte do nosso dia a dia passam a ser criminalizadas. Mas será que a proibição realmente é eficaz para barrar o uso? Bem… a história mostra que não!
Quer exemplo melhor que a Lei Seca nos Estados Unidos? Ao invés de coibir o uso do álcool, o que aconteceu foi o surgimento de um grande comercio ilegal de bebidas alcóolicas, onde muitos políticos e criminosos enriqueceram, e mais ainda, gente morreu. O fracasso foi tão grande que em menos de 15 anos, a lei foi extinta.
Mas não precisamos voltar tão longe no tempo para confirmar que a proibição dá errado: um exemplo é o próprio tráfico de drogas no Brasil. A política de guerra às drogas não impede que as pessoas as consumam.
Ela simplesmente encarece o acesso às substâncias, enquanto enriquece o bolso de políticos, aumenta os gastos públicos, sobrecarrega o sistema prisional e, além de perder a chance de arrecadar milhões em impostos para a população, mata grande parte dela - em especial, os negros e pobres.
Cada vez mais, vemos o quão insustentável está sendo ser brasileiro. Nossa sociedade é desigual, intolerante e, principalmente, vulnerável. É por essa razão que você não deve se eximir.
Se você quer derrubar a proibição dos vapes, faça a sua parte nessa luta: ela começa com você cumprindo o seu papel de cidadão, votando certo nas próximas eleições, enfrentando as fake news e, como sempre, tendo muita paciência defendendo a ciência e a democracia.
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