Fala, consagrados! Primeiramente, Feliz Ano Novo! Ou não… não sabemos quando você estará lendo esse texto, mas garantimos que a intenção é boa. A pauta de hoje é sobre algo que já está na mente… aliás, no estômago: como os alimentos podem interagir com a Cannabis? Temos certeza que talvez você já tenha passado por essa experiência na prática, mas agora é hora de entender a ciência por trás disso tudo!
O primeiro passo para entender como os alimentos podem interagir com a Cannabis, é entender qual a sua composição. As principais substâncias responsáveis pelos efeitos da Cannabis em nosso organismo são os canabinóides (em especial o CBD e THC), que são lipossolúveis. Isso significa que elas são compatíveis e se dissolvem em lipídios: óleos, gorduras, ceras - e avessas à água.
Por essa razão, muitas vezes a base da culinária canábica é a manteiga de maconha. Com a facilidade em se ligar às substâncias responsáveis pelo efeito psicoativo da cannabis, a manteiga proporciona uma concentração maior desses psicoativos, por isso, muitas vezes o efeito da cannabis é mais intenso ao consumirmos alimentos com esse “tempero” mágico.
Como já te contamos por aqui antes, a maconha interage facilmente com o corpo humano porque já nascemos prontos para isso: o sistema endocanabinóide é um mecanismo do nosso organismo que controla e equilibra uma série de processos fisiológicos no corpo.
Esse sistema é um conjunto de receptores e enzimas que trabalham como sinalizadores entre nossas células e os processos do corpo, e seus receptores são sensíveis aos canabinoides provenientes da planta, muito similares aos que nosso próprio corpo produz, por isso ele recebe esse nome.
A função do sistema é a estabilização do ambiente interno, independente das variações externas, ou seja, a homeostase, e ele se encontra nas interseções de vários outros sistemas, permitindo a comunicação e coordenação entre as células. Ele regula processos fisiológicos como apetite, dor, inflamação, termorregulação, pressão intraocular, sensação, controle muscular, equilíbrio de energia, metabolismo, qualidade do sono, resposta ao estresse, motivação/recompensa, humor e memória.
Graças ao nosso sistema endocanabinóide, o corpo humano produz substâncias que, tal qual à maconha, geram estímulos e sensações que nos dão a sensação de “estar chapados”. Alguns alimentos trazem componentes com o mesmo potencial.
Os terpenos, por exemplo, são substâncias aromáticas presentes na maconha e em outros alimentos, principalmente frutos. Já a anandamida, também pertencente ao sitema endocanabinóide, é responsável pela liberação de dopamina (por isso conhecida como “molécula da felicidade”) e também é encontrada em outros alimentos de teor gorduroso. Que tal uma listinha de quais são esses alimentos para já guardar na mente?
O alimento já é notoriamente conhecido por nos deixar mais felizes - a razão disso é que ele é rico em uma das substâncias citadas acima, a anandamida: match perfeito!
Apesar de não ser a combinação mais saudável, segundo ensaio clínico publicado em 2015, o álcool potencializa o efeito do THC. Além disso, ele também pode alterar a forma como os receptores do sistema endocanabinóide operam.
“Primas distantes” da maconha e potencialmente alucinógenas, algumas ervas frescas podem potencializar os efeitos da maconha quando ingeridas. Duas ervas muito usadas, manjericão e orégano, incluem uma variedade de terpenos encontrados na cannabis: a-pineno, limoneno, cânfora, citronela, carvacrol e beta-cariofileno.
Esses terpenos trazem vários efeitos: O alfa-pineno, por exemplo, responsável pelo aroma amadeirado da cannabis, pode ter um efeito anti-ansiedade. Limoneno, que pode ajudar a aliviar a dor, dá a algumas strains seu aroma cítrico. Ao usar esses temperos em conjunto com a erva maconha, os efeitos podem ser amplificados. Que tal ousar com uma receita de hempizza?
Os ácidos graxos, como ômega 3 e 6, interagem com o sistema endocanabinoide, e a própria anandamida é derivada do ácido araquidônico, um ácido graxo ômega-6.
Além disso, pesquisas em humanos e animais indicam que as gorduras ômega-3 podem modular o sistema endocanabinóide e estão associadas a um menor risco de doenças cardíacas e diabetes.
Um truque para moderar os efeitos da cannabis quando bate muito forte é mastigar um pouco de pimenta do reino: seus grãos são ricos em beta-cariofileno, um terpeno que pode ter efeito relaxante e sedativo, e pode se ligar com os receptores CB2.
Apesar de não serem os receptores que se ligam com o THC (que causa a brisa forte), os receptores CB2 vão atuar relaxando e, possivelmente, ajudar com a bad trip.
Conhece algum alimento ou informação que deveria estar presente nessa lista? Conta para a gente aqui nos comentários!
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