Ambiente de música é ambiente de droga! Com certeza você já ouviu essa citação dos nossos grandes pilotos e pensadores contemporâneos do Choque de Cultura. Mas muito além de uma piada, essa é uma afirmação com um enorme fundo de verdade, afinal, maconha e criatividade formam um belíssimo match. Que tal entender como isso procede? Hoje, o assunto da Smoke Point é a influência da maconha na música! Então já separa o seu baseado e ligue o som porque aí vem história.
Não é apenas “lenda” ou crença que a maconha desempenha um papel importante na criatividade. O uso recreativo da Cannabis, em suas diversas formas, aumenta nosso fluxo sanguíneo cerebral e incentiva o chamado “pensamento criativo divergente”.
De acordo com artigo do Berkeley Medical Journal, ao compararmos indivíduos com alta e baixa criatividade, os criativos apresentam atividade basal mais alta do lobo frontal, área relacionada a grande parte da nossa capacidade criativa e sede do pensamento criativo divergente: uma medida científica comum de níveis de criatividade, relacionado a criar opções. Ele agrega à nossa maneira de ver o mundo, imaginação, capacidade de criar novas soluções, etc, ou seja: literalmente a capacidade de “abrir a mente”.
Existem algumas outras pesquisas da área, onde testes e entrevistas apontam que usuários de cannabis tendem a pontuar mais em criatividade. Entretanto, a pesquisa também faz a ressalva de que isso pode ser algo ligado à própria personalidade dos participantes em questão: uma clássica questão do tipo “ovo e a galinha”. Seriam os maconheiros mais criativos como efeito da erva, ou pessoas mais criativas é que tem tendência a ser maconheiros?
Muitos músicos afirmam que a maconha é sim uma poderosa aliada em seu processo criativo. De acordo com David Nutt, professor e diretor do departamento de neuropsicofarmacologia do Imperial College London, muitas substâncias presentes na Cannabis "parecem quebrar formas rígidas dos indivíduos pensarem e sentirem, o que permite novos insights para a arte. Isso ocorre, em grande parte, via circuitos neurais de alto nível, sobretudo nos lobos frontais.”
Além disso, o professor também frisa que é fundamental também entendermos que nosso cérebro já tem sua própria “cannabis natural”: o sistema endocanabinóide, que produz moléculas similares à da planta e regula diversas funções em nosso corpo, como sono, energia, ânimo, apetite, etc.
Criatividade e produtividade geralmente estão relacionadas, mas isso não significa que, necessariamente, pessoas criativas são produtivas, ou vice versa. A produtividade se relaciona muito mais com nossos hábitos, habilidades, capacidade de organização e aptidão. Entretanto, é FALSA a afirmação que a Cannabis afeta negativamente a produtividade, de acordo com artigo da Group & Organization Management.
Agora que já temos um panorama mais científico sobre a erva e a criatividade, é hora de focar na parte prática e histórica da influência da maconha na música.
Não só como alimento à criatividade, a maconha é uma temática muito presente na música moderna, principalmente de maneira cultural. Embora muito relacionada ao reggae, rock psicodélico e outros gêneros, foi no jazz que encontramos as primeiras composições que abordavam o tema.
Louis Armstrong, um astro e lenda, era notório usuário e defensor da erva, principalmente por seus efeitos calmantes e impacto positivo na criatividade. “Muggles” é uma de suas composições abordando a temática, mas mesmo com a grande popularidade do artista, a aceitação da obra pela sociedade da época era controversa. A maconha sempre esteve presente nas culturas africanas, e por isso mesmo, foi amplamente criminalizada no Brasil e no mundo por leis pautadas no racismo e repressão.
É a partir dos anos 60 que a ganja passa ao “mainstream”, principalmente retratada por artistas como Bob Dylan e a banda Beatles, no surgimento dos movimentos de contracultura dos anos 60 - curiosamente, por brancos. Isso não exclui a relevância de outros artistas como Jimi Hendrix, um dos maiores nomes da música psicodélica e popularização da guitarra elétrica. Woodstock foi o ápice desse movimento, onde o amor, o pacifismo e a liberdade eram as principais lutas de uma nova geração.
Já nos anos 70, o movimento rastafari se popularizou, trazendo uma óptica espiritual e aberta. Nos anos 80 e 90, é o rap que encabeça o tema, agora com grandes críticas sociais voltadas à realidade afroamericana e a guerra às drogas.
Hoje, a influência da maconha na música aparece em diversas conotações, seja se tratando de estilo de vida, do consumo, da realidade ou simplesmente sobre o simples ato de fumar.
Muito além de Snoop Dog, não é curta a lista de personalidades maconheiras na indústria musical.
Lady Gaga é um exemplo, já tendo afirmado usar a erva quando está escrevendo músicas. Shawn Mendes, Selena Gomez, entre outros, também fazem parte do clube. Até a Xuxa, cara! Ou você acha que aquela nave era coisa de gente sóbria? Há quase 500 anos, William Shakespeare já pitava uns.
Fugindo dos estereótipos e pensando em outros campos do conhecimento, Carl Sagan, astrofísico, afirmou ter escrito obras sobre o efeito da erva. Só não enxerga quem quer: a maconha pode sim ser um grande apoio à novas descobertas, criações e obras primas, capazes de te ajudar a mudar o mundo. E você, o que acha? Já sentiu na pele esse potencial criativo? Deixe sua opinião nos comentários!
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